quarta-feira, 27 de abril de 2011

- Himitsu.

Eu poderia apenas abrir as portas do meu coração e deixar os demônios entrarem.
Mas as raízes que o protegem são tão fortes que nem a espada do maior herói poderia cortá-las.
Mas, se meu herói for um demônio, o sentido não se faria realmente necessário, nesse tempo desnecessário?
Nós não podemos falar, nem ao menos tentar. Mas alguns demônios são realmente piedosos.
E se nós fizermos um canção silenciosa para aqueles que perderam sua voz em batalhas, então poderíamos nos fazer acreditar.
Talvez a conversa com aquele garoto morto me fez ver a humanidade perdida em sonhos e desejos idealizados e não realizados.
O cheiro das flores não é mais tão doce, por quantas espécies, o cheiro azedou, e elas se mantiveram de pé, aguardando o julgamento calmo da natureza?
Nesses dias escuros, muitos perderam seus poderes, mas poucos perderam a coragem, e seguiram na mesma estrada mesmo sem poderes, batalharam mesmo sem armas, lutaram memo sem braços.
Se você puder ouvir o som da luz, então eu poderei passar pela impiedade desse tempo transitório.
E quando o vento estiver tão frio e tão seco que sua pele estará prestes a arrebentar, olhe em sua volta, pois sempre haverá uma pedra no meio do caminho, e uma planta na beira do rio.
Talvez a floresta não esteja tão longe assim. A floresta das ilusões, aonde todos nossos segredos são guardados.
Na floresta onde todos nós vestimos branco, a grama é macia como algodão, a água cristalina como diamante, o vento suave como um véu e o tempo morno como um terno abraço. Aonde as folhas mortas dançam, expressam seus desejos e alcançam o outro lado do mundo, flutuando pela alma dos que já passaram por ali e retornaram, oferecendo seu castigo interno como piedade para os que continuam ali.
Sempre haverá um lugar onde as memórias terminam e nenhuma lembrança poderá ser salva, aonde o conhecimento termina e tudo se apaga, quando a decoração é desfeita.
Aquele rosto pálido abre os finos lábios, suspirando delicadamente, sussurrando a última prece, desamarrando todos os laços, beijando suavemente a solidão.
Enquanto você puder, adormeça.
Pois quando não estiver no controle, as árvores poderão cortar suas mãos, e retirar um pouco da solidão.
Em seu sangue, estarão as marcas de sua vida corrompida.
Nem as mais puras águas poderão mostrar o reflexo de seus olhos, sugando lentamente seus pensamentos.
Então esqueça o final, o tempo é um vácuo, enquanto o sol perfurar seus olhos e em sua mente houver dúvidas, rejeite este fluxo, pois não haverão palavras, não as que você tem procurado.
Caminhe sozinho, pois apenas o tempo poderá lhe dizer o caminho das cerejeiras.
E as cores que os cegos enxergam.

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