segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

- Embriagado.

Não são nem meia noite
Eu já perdi meu posto
Desando, louco
Disposto, bem solto
Não vejo o tempo passar
Desemboca meu rio
Me deixo levar
Provoca meu riso
Sua voz baixa
Me chamando
Eu imploro
Tenha piedade
Essa hora, a silenciosa cidade
Eu sussurro "por favor"
Esse quarto sem janelas é pequeno demais
Me deixa fingir
Fingir que não me apaixonei
Me deixe fugir
Pois tenho medo de me entregar
Ou fique aqui
Para em seus cabelos eu me embolar
Embaraçar, acariciar
Em teu corpo quero morar
Aprendi que poetas não devem amar
Mas eu transbordo
Transbordo amor em ti
Transborda em mim, amor
Contigo ao meu lado
Meu corpo perde o cansaço
Em seus beijos, me afogo
Quebro meu copo
Me encosto onde for
Só para sentir
Rezo um terço
Peço perdão
Mas acolho, me derreto
Em teu calor
Construo, monto, demando
Se preciso, uma mansão
Para te ter em minhas mãos.
Descansando
Morando em meu coração.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

- Nem sei.

Não sei falar francês
muito menos espanhol
Arrisco um pouco no inglês
Mas eu sei mesmo é português
Posso cantar em japonês
Estudar um pouco de alemão
Mas já te digo, de antemão:
Meu foco é o português.
Do meu jeito brasileiro
Tiro onda de pistoleiro
Sonho em outras línguas
Mas apenas em tua quero estar
Danço outras músicas
Mas eu realmente não sei sambar
Viro o rosto, tento disfarçar
Mas não escondo o sorriso simples
Felicidade não se vende no bar
E eu não fico vendo a vida passar
Mulher
Posso aprender norueguês
Australiano, talvez
Posso dar uma de italiano
Debaixo dos panos
Seduzido como em coma induzido
Por esse amor infinito
Melhor não tem
Te levo
De Copacabana à Paris
Mas do carioquês ao tailandês
Vou sempre te cantar
Cantar em português
Te levo da praça para o mato
Que a saudade vai ser a mesma
Melhor em ti, mulher.
Entre duas palavras
Entre mil lugares
Entre duas mil línguas
Apenas em ti quero estar
Posso formar
Se preciso, criar
Uma língua só nossa
Para expressar
Que contigo quero ficar.
Mas
Sempre vou cantar
Cantar para você
Em português
Para você entender.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

- Demência.

Quero ter um corpo forte
Para lidar com a dormência desta vida frágil
Se tudo aquilo que nós esquecemos
Nunca tiver existido?
Então vamos cantar um hino para exaltar a feiúra do homem
Todos um dia iremos virar estrelas
Seja do céu, 
ou do inferno
O que dizem ser humanidade
É apenas um retrato do passado misturado
Com a impunidade sem significado
O que é o correto?
Ouço ecos de sofrimento
E aquela sensação de liberdade
Dos seres que se desligam da realidade
A consciência da tristeza
E sobrepõe a um estado de depressão
Poderia lamuriar sobre a dor que rasga meu peito
Mas se o mundo está doente
Eu me trancarei em minha fraqueza?
Ou mudarei a fim de viver
E medicar os indigentes?
Pergunto-me
Se eu esquecer de todos
Eles deixarão de existir?

- Amo-te.

Amo-te
Não com amores a tardar,
Elucidando ideias a perdurar
Não fantasiando eternos ou infernos
Amo-te simplesmente.
Amo-te neste momento
Como quem há de amar e viver
E de viver para amar
Um homem que nunca amou
Nunca viveu verdadeiramente
Não importo-me que enfeitem
Não importo-me que tentem mudá-lo
Em meu mundo
Amo-te eternamente neste momento
Em todos eles
Ao seu lado.
Seja agora
Seja para todo o sempre.
Simplesmente amo.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

- Sustain.

Entre um céu sem cor
Eu me disponho
Aqui, deixe existir amor
Em busca de um novo universo
Ouço a morte sussurrar em meus ouvidos
A fria resposta para a vida
Entre tantos receios
Atrás de uma vaga imagem
Sou um mero leitor
Reproduzindo sentimentos
Há de ser verdadeiro aquele anseio?
Desde então, eu percebo
A distância entre meu ego e meu desejo
A vergonha, a tentativa, a disciplina
Entre tantas palavras desnecessárias
Entre tantas pessoas desnecessárias
Eu busco a verdade, acima do apego
Não sustentarei mentiras
Muito menos meias palavras
Não vivo pela metade
E não me entrego para a maldade
Dentro de uma humanidade perdida
Eu me encontro
O ser mais humano, dentro de um monstro
Se eu revelasse meus sentimentos desfigurados
Você beijaria minha insegurança velada?
Não quero me tornar um passado peregrino
Quero ser um futuro celestino.
Para, talvez, deixar aqui aflorar.
Longe dos venenos que continuam a despejar.