quarta-feira, 23 de junho de 2010

- Make Believe.

Após ter conversado com aquele homem que me deu a palavra "necessidade", eu continuei a andar.
Me bateu uma inspiração louca quando cheguei às falésias, estava prestes a começar meu livro, mas algo aconteceu.
O que aconteceu, tu deve estar se perguntando.
Uma vida.
Duas vidas.
Três vidas.
Destruição. Morte. Desespero. Amor.
Foi o que vi: Uma bela paisagem, perfeita, aliás. Três belas pessoas, se destruindo. Por quê? Sentimentos.
Eu vi tudo: A conversa, as atitudes, as mentiras, os desejos e o ato final.
Então eu pensei: Vale à pena? Tudo isso.
As pessoas.
Ninguém me falara palavra alguma, aliás, nem me viram.
Sangue.
Um deles pegou uma faca. Pensei em ir lá fazer algo, mas não ia adiantar muito. Continuei em silêncio.
Uma ameaça, uma declaração de amor, uma declaração de ódio. Mais uma declaração de desespero, uma declaração de indiferença.
Como uma pessoa pode chorar por alguém que nunca a amou?
Acho que as pessoas perderam o seu valor. Banalizaram tudo, banalizaram a vida.
Eu gostaria de saber a verdade antes de sair dali, mas eu não conhecia as pessoas que estavam ali, e não iria me meter.
Uma facada. Uma poça de sangue.
Um suicídio, uma poça de lágrimas.
Mais sangue ainda.
Culpa.
Não haveria mais um suicídio nem homicídio ali, eu tinha certeza.
Morte por causas naturais mesmo.
O cheiro de morte começava a me incomodar.
Tentei escrever, mas não conseguia. Eu tremia.
Uma lágrima escorreu pelo meu rosto.
Era hora de partir.
E deixar marcada essa cena, eternizá-la.
Em meu livro. Caso eu consiga terminá-lo.
E naquela cena, eu vi meu futuro.
O gelo se derreteu, a morte foi embora e esqueceu-se de tudo, e o fogo foi apagado.
E o pequeno viajante morreu de solidão.
Próxima parada: Algum fiorde.
Será que eu chego lá?
As falésias não me foram uma boa inspiração.
Mas farão parte de minha história.
Não tão pequeno, mas eu continuarei viajando.
Talvez apenas numa metáfora intelectual.