sábado, 4 de dezembro de 2010

- In Limbo.

Acho que tem algumas coisas que eu talvez nunca entenda..
Estava caminhando esses dias, passei por lugares conhecidos.
Mas tudo me soava novo.
Olhe a minha volta. Ninguém conhecido.
Ninguém a conhecer. Nada a falar.
As pessoas me observavam, como se eu fosse um estranho, como se soubessem quem eu era e não me quisessem ali.
E tinha um olho.
Um olho quebrado.
Sempre me vigiando.
Não tinha como me esconder, ele estaria ali. Me observando.
Eu não podia voltar, muito menos ir. Estava paralisado.
Era um limbo, era algo diferente.
Tantas pessoas já foram, tantas pessoas já passaram, tantas estão por vir, e eu sempre aqui.
Observando-as passar.
Eu nunca gostei de me mover. Gosto de ficar parado, esperando as pessoas que irão se sentar comigo.
Mas as pessoas gostam de andar, de se movimentar.
Às vezes eu mudo de lugar, mas nunca mudo.
Eu estava sentado, no mesmo lugar de sempre, observando as pessoas indo e vindo.
Mas bateu um vento frio, e ele me dizia claramente para ir embora.
Ele me disse, que eu poderia ficar ali sentado o resto da vida. Ninguém iria voltar, ninguém iria parar, ninguém iria sentar. Não ao meu lado. E foi-se, sem deixar rastros.
Eu fiquei ali parado, mais um tempo.
Já estava escurecendo.
Levantei-me, e fui para casa.
Aonde as pessoas vem e vão, mas sempre voltam.
Aonde é minha casa?
O mundo é meu lar.
E as pessoas sempre se esbarram novamente, não nos mesmos lugares.
Se acontecer no mesmo lugar, elas podem ficar presas.
Talvez naquele mesmo limbo, social, emocional.
Tranquei a porta de minha casa.
Só quem tem a chave pode entrar aonde as pessoas voltam.
Ninguém tinha a chave.
Ótimo.
Dei mais uma volta na chave, para me assegurar, e fui para dentro.

sábado, 27 de novembro de 2010

- Black Star.

Tempo... Tudo é tempo, certo?
Errado.
Dias vem, dias vão, mas sempre haverá algo eterno. Algo que você nunca esquecerá, nunca deixará de sentir.
Dor, culpa, amor.
Às vezes tudo isso junto.
Eu estava andando em um campo aberto, não havia nada aonde a vista alcançava. Olhei para cima.
Vi aquela estrela, aquela estrela sempre esteve lá, olhando por mim. A noite toda, o dia todo.
Mas eu nunca tinha reparado nela.
Uma vez me disseram que estrelas eram anjos que cuidavam de nós.
E cada um tinha a sua estrela.
Eu me lembrei da estrela que não brihava.
Quer ouvir a história? Se não quiser, problema seu, eu vou contá-la do mesmo jeito.
"Era uma vez, no céu, uma estrela que nasceu diferente. Ela não brilhava.
Todas as outras estrelas riam dela, ora, uma estrela que não brilha, isso não é uma estrela!
Isso não existe, não é natural.
E essa estrelinha foi se excluindo, até que ela nunca mais chegava perto de ninguém.
Um dia essa estrelinha resolveu passear na terra.
E ela viu quantas pessoas se sentiam igual a ela.
Então ela viu que não precisava brilhar para ser uma estrela."
Não fez nenhum sentido, certo? Exato!
E do mesmo jeito que existem estrelas que não brilham, existem pessoas que brilham, mesmo sem brilhar.
Quantas vezes eu não vi aquele pequeno ponto correndo e brilhando na minha direção?
Brilhava, brilhava muito.
Mas de repente, a luz apagou.
Então eu me deitei no chão, olhei para a estrela que não brilhava, e perguntei pra ela por que a luz se apagou.
Ela me disse que algumas pessoas precisam de um gás para brilhar, que não conseguem se manter brilhantes sozinhas.
Eu perguntei se eu poderia ser o gás de uma pessoa.
Ela me disse que eu podia, até que deveria. Mas que eu não era. Pois se eu fosse o gás, essa luz não teria se apagado.
Então eu perguntei quem seria o gás.
E ela me disse que esse gás não existia, e que se não fosse meu gás, nenhum outro poderia fazer alguém brilhar.
Eu parei e pensei.. Será que os anjos brilham?
Me disseram que não.
Eu nunca vi nenhum brilhar, você já?
Só vi uma vez.
Mas não tenho certeza se era realmente um anjo.
Então eu pergunto para a estrelinha, se algum dia eu poderia fazer alguém brilhar de novo.
Ela me disse para nunca desistir, mas quem tinha que brilhar era eu, sem deixar que me apaguem.
Então eu pensei
Algumas luzes nasceram para ser queimadas, algumas nunca brilharam, e algumas sempre brilharão.
Minha luz brilha, e nunca vai deixar de brilhar.
Mas será que a luz daquele anjo, um dia se acenderá?
Porque o tempo apaga as luzes
E espalha o fogo.
Eu prefiro passar minha vida sendo a chama, do que sendo a palha.
Se um dia a estrelinha voltar a brilhar, meu fogo se espalhará.
E se ela nunca voltar a brilhar
Eu espero que alguém consiga acender sua luz
Minha fumaça está enchendo o ambiente.
Mas o fogo, sempre vai ser quente.
E brilhante.

sábado, 18 de setembro de 2010

- Prelude Of A Sin.

Havia um homem, um sobretudo negro e um chapéu combinando.
Ele virou-se para mim e disse:
"É uma grande ironia, nesse dia lindo com um sol brilhando forte. Bom dia."
E desapareceu.
Eu pensei no que ele disse.
Realmente, os dias claros e belos, são sempre uma ironia muito grande.
Quando foi meu último dia de sol feliz? Não faço idéia.
Talvez até faça, mas agora não importa.
E minha noite, mais perfeita, bela, feliz?
Essa eu lembro, com certeza absoluta.
Estava frio. Temperatura abaixo de zero. Mas eu não sentia frio algum.
Na verdade, sentia calor. Muito calor.
O fogo estava me queimando loucamente. Intenso, propenso.
Posso lhe contar uma coisa?
Seu reflexo no espelho, é apenas obra de sua imaginação.
Era tarde, eu via seu reflexo embaçado no espelho, ela gritava.
Não tinha outros sentidos, coloquei minha mão suavemente em seu rosto.
Acariciei, passei para sua boca.
Eu parei sua respiração com minha própria mão.
Adeus.
Eu ouvi passos em minha direção, eu acordei.
O inverno começava a dar seus primeiros passos.
As folhas secas aumentavam a nostalgia daquele clima. O vento frio.
Enquanto eu não estivesse acordado desse sonho, eu não poderia dormir em seus braços, deixando-o vigiar meus sonhos mais profundos.
Era um pecado sem igual.
Eu apertei sua mão com força, desejando inconscientemente que nossas mãos nunca se soltassem.
Sua voz sumia aos poucos, minha visão distorcia.
Eu tentei sorrir, dei um beijo em seu rosto.
Ela desapareceu.
Um castelo.
Sangue para todos os lados.
Era o sangue da eternidade.
Derramado, desperdiçado, acabado.
Outra poesia veio em minha mente. Mas a tristeza me abalou.
Olhei para fora, uma chuva intensa.
Romanticamente visto, era um coração.
Um coração imundo.
Um coração inundado de pecado.
Um coração feito de lágrimas.
O maior pecado?
Ter sido carregado pelas mãos calejadas de uma criança sem vida, para o colo de outro amante.
Uma voz profunda e grave falou com um eco.
Beba, minha criança.
Era o beijo da morte, frio e sem amor, como sempre fora.
A dança da tristeza e do amor.
A fé era uma faca de dois gumes.
Preenchia o vazio de meu coração, enquanto o esvaziava mais ainda.
Dance meu amor, dance.
Não há mais nada aqui para ser degustado.
O gosto do pecado continuava em minha boca, a textura de seus lábios, estava gravada nos meus.
A lembrança de uma vida estava encrustada em meu coração.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

- Undecided Memories.

Eu estava perto da praia, continuava minha viagem, sozinho, como sempre.
O sol estava por desaparecer, era como se estivessem cegando-me.
Me aproximei da água, deixei as ondas quebrarem-se em meus pés.
Uma poesia veio à minha mente.
Não era uma pausa, e não havia ninguém. Para onde haviam ido os sentimentos alheios?
Talvez não me importasse.
A brisa fresca que soprava do oceano em minha face, era como se eu estivesse nos céus, sentindo carícias angelicais sobre mim.
Creio que adormeci, ou fiquei em estado alfa por vários minutos, sentindo o vento e as águas.
Abri meus olhos, estava tudo escuro, uma escuridão digna de um caixão. Mas não era, havia a lua, me guiando pelo céu sem estrelas.
Frases começaram a surgir. Uma melodia pesada ressoava em meus ouvidos. Um órgão, não tenho bem a certeza de que era real. Só sei que eu ouvia.
Meu coração nu continua apaixonado.. Mas ele não bate mais.
O silêncio das lágrimas, é mais alto que os gritos de um amante desesperado.
As perguntas sem respostas, jaziam sobre túmulos enterrados debaixo de águas turvas
O vento estava tão quente, as memórias estavam tão frescas, sem a veracidade dessas mentiras.
Me mostre suas cicatrizes, presságios belos e doces. As feridas em minhas mãos não suportam mais.
A vida começava a padecer, as necrosas começavam a me tomar.
Meu sangue, inocente, puro. Como nunca antes, estava filtrado.
Eu lhe mostrarei meu sangue, minhas lágrimas, se você me abrir seu coração..
As noites são muito longas para você, do que tens medo?
Eu lhe amarei, morto-vivo, impuro, sem alma.
É um futuro cego, para os que não foram abençoados.
Me perguntei, será que se vendesse minha alma ao diabo, ele me conceberia um novo coração?
Sem as rugas do destino, sem as queimaduras desse amor.
Eu gostaria de amar esse mundo, mas apenas o ódio se concentra em mim.
Eu pedi para dormir em paz, mascarando meu verdadeiro rosto.
Eu lutei para me livrar das correntes, mas só conseguia fazê-las me chicotear, mais e mais.
Eu olhei em volta, o mar havia desaparecido, as pedras, haviam desaparecido, e não havia nada além de areia, até onde meus olhos poderiam ver..
Nós estávamos loucos, nós éramos aberrações desesperadas por amor
Eu implorei água para minha sede, mas só havia areia.
Eu descobri que possuia uma missão. Eu não poderia chegar aos céus, nem que os anjos me carregassem em seus braços.
A luxúria não iria curar nenhuma ferida, ninguém poderia curá-lo, a não ser ele mesmo.
Valeria realmente a pena deixar o anjo abrir as asas, quando tudo que eu tinha a oferecer era um mundo sem valor?
Realmente importa quem eu sou agora?
Eu olhei para os lados, olhei para cima, e rezei. Eu joguei a prece mais sincera que minha alma poderia querer.
Eu apenas queria que a chuva caísse, e levasse todos meus sentimentos embora..
Eu apenas queria que a chuva caísse e apagasse meu passado.
Porque você não sabe, o quão doloroso é ter sua alma corrompida, o quão doloroso é ter sua missão interrompida, o quão doloroso é perder boa parte de sua vida.
Meu coração nu e rasgado, clama por perdão.
Minha alma crua e pura, clama por esperança.
Porque anjos e demônios não podem se amar.
Porque eu não posso mais nadar nessa água fervente.
Mesmo que meu coração ainda grite desesperadamente para o mesmo destino anterior.
Porque era tudo que eu queria.
Sem medos, sem frio.
Um mundo com cores intensas.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

- Famous Last Words.

-Pausa-
Vamos esquecer minha jornada por um momento.
Era meia noite, silêncio total.
Ela entrava devagar, ela conhecia meu quarto.
Seus passos eram tão leves, que parecia que seus pés mal tocavam o chão..
Minha cama, minha tumba. Meu cadáver estendido sobre as cobertas escuras, estava frio, muito frio.
Ela se aproximou, sua pele clara e roupas impecavelmente brancas; parecia um anjo. Eu não conseguia me mover, estava congelado.
Ela acariciou meu rosto, suas mãos quentes queimaram minha pele feito fogo. Ela nunca saiu do meu lado.
Palavras queriam ser ditas, mas meus lábios não se moviam. O que eu queria falar? Não sei.
Olhei em seus olhos negros, sem cor, sem vida. Um arrepio subiu a minha espinha.
O resto do quarto começou a queimar, e eu não sentia nada. Apenas sua mão em meus cabelos, mexendo-os suavemente.
Minhas pernas estavam em chamas, e eu não as sentia.
Seu olhar continuava fixo no meu, apenas aproveitando meus últimos suspiros, meu olhar continuava tentando decifrar o seu.
Ea não queimava junto com o resto do quarto, o resto da casa. Parecia estar intacta, em outro plano.
Ouvi um grito, parecia vir lá de fora, mas eu simplesmente não conseguia fazer nada. Estava vidrado.
Ela pegou em minha mão, me levantou e me puxou, para dentro do fogo.
O calor e a fumaça me cegaram. Desmaiei, mas continuei sentindo sua mão segurando forte a minha.
Abri os olhos um pouco depois, estava tudo embaçado.
Tentei respirar, mas não conseguia. Eu não sentia falta do ar. Não havia ar ali para entrar em meus pulmões, mas eu não precisava dele ali.
Meu corpo estava leve, era como se não houvesse gravidade.
Fechei e abri meus olhos novamente, tentei focar a visão. Continuava embaçado, mas estava bem melhor de enxergar.
Foi então que eu a vi, bem na minha frente, flutuando tranquilamente, com aquele sorriso no rosto que eu conhecia tão bem.
Me movi em sua direção, olhei para cima; estava na água. Olhei para baixo, estranhando, e apenas vi uma imensidão escura, era como um beco sem saída.
Nadei mais um pouco, cheguei bem perto dela, segurei suas mãos. Não estavam mais quentes, estavam frias, frias como gelo. Mas elas continuavam queimando minha pele, mas eu não sentia essa dor. Estava entorpecido.
Encostei suavemente meu rosto em seu pescoço, era como se pudesse sentir seu cheiro. Encostei meus lábios levemente em sua boca, um contato superficial, porém profundo.
Meu coração parou.
Voltei a sentir tudo, precisava respirar, sentia as queimaduras arderem.
Tentei nadar para cima, tentei buscar o ar.
Ela segurou meu braço.
Olhei para ela como se implorasse para subir, mas que ela viesse comigo. Ela não cedeu.
O sorriso em sua face desapareceu, sua expressão era séria. Seus cabelos se moviam lentamente, no mesmo ritmo da água.
Minha consciência começava a se perder, olhei fixamente em seus olhos, ela não me amava. Nunca me amou.
Era ódio.
Contrastando fielmente comigo.
Meu anjo estava me levando à morte, eu estava desesperado.
Tudo se apagou.
Perdi a consciência.
Não sei quanto tempo se passou, mas eu abri meus olhos.
Estava num lugar branco, ouvia pessoas falando e um apito irritante.
Pisquei uma ou duas vezes, me acomodei na cama e olhei em volta: estava num hospital.
Ouvi uma voz conhecida falando "doutor, ele acordou!". Olhei para a direção do som, era ela.
Mas como?
Olhei minhas mãos, estavam de fato queimadas, mas apenas onde ela havia encostado. Meu rosto também ardia.
Meu braço estava cheio de agulhas enfiadas, soros e essas coisas todas.
O médico entrou no quarto, encostou em minha testa e perguntou como eu estava.
Então eu não estava morto. Ainda.
Perguntei à ele o que tinha acontecido, ele disse que fui encontrado em minha cama, por ela. Desmaiado, com os pulmões cheios de água e com queimaduras pelo corpo todo. Disse que não sabia como tudo isso havia acontecido, visto que meu quarto estava intacto, e que eu ter sobrevivido era um milagre. Mandou eu agradecer a senhorita de roxo que estava sentada numa poltrona ali na frente.
Não o respondi, arranquei todas as agulhas de meu braço, fazendo-o sangrar bastante. Levantei, andei até ela.
Olhei em seus olhos, ela sabia o que tinha acontecido.
Ela me respondera com um sorriso cínico.
O médico estava pasmo, me olhando como se eu fosse um fantasma.
Encostei no rosto dela, estava gelado e duro. Como se fosse pedra. Resolvi falar.
"Corte suas asas, você já não é mais um anjo."
E saí. Sem rumo, me mudei para bem longe.
Resolvi vagar pela vida, sendo apenas mais um na multidão.
Meu nariz sangrava constantemente, resolvi começar a escrever como era a vida de um fantasma na luz do sol.
-Fim da pausa-
E cá estou, escrevendo.
Tenho cicatrizes das queimaduras, mas não estou mais congelado, e nem afogado.
Apenas sozinho.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

- Make Believe.

Após ter conversado com aquele homem que me deu a palavra "necessidade", eu continuei a andar.
Me bateu uma inspiração louca quando cheguei às falésias, estava prestes a começar meu livro, mas algo aconteceu.
O que aconteceu, tu deve estar se perguntando.
Uma vida.
Duas vidas.
Três vidas.
Destruição. Morte. Desespero. Amor.
Foi o que vi: Uma bela paisagem, perfeita, aliás. Três belas pessoas, se destruindo. Por quê? Sentimentos.
Eu vi tudo: A conversa, as atitudes, as mentiras, os desejos e o ato final.
Então eu pensei: Vale à pena? Tudo isso.
As pessoas.
Ninguém me falara palavra alguma, aliás, nem me viram.
Sangue.
Um deles pegou uma faca. Pensei em ir lá fazer algo, mas não ia adiantar muito. Continuei em silêncio.
Uma ameaça, uma declaração de amor, uma declaração de ódio. Mais uma declaração de desespero, uma declaração de indiferença.
Como uma pessoa pode chorar por alguém que nunca a amou?
Acho que as pessoas perderam o seu valor. Banalizaram tudo, banalizaram a vida.
Eu gostaria de saber a verdade antes de sair dali, mas eu não conhecia as pessoas que estavam ali, e não iria me meter.
Uma facada. Uma poça de sangue.
Um suicídio, uma poça de lágrimas.
Mais sangue ainda.
Culpa.
Não haveria mais um suicídio nem homicídio ali, eu tinha certeza.
Morte por causas naturais mesmo.
O cheiro de morte começava a me incomodar.
Tentei escrever, mas não conseguia. Eu tremia.
Uma lágrima escorreu pelo meu rosto.
Era hora de partir.
E deixar marcada essa cena, eternizá-la.
Em meu livro. Caso eu consiga terminá-lo.
E naquela cena, eu vi meu futuro.
O gelo se derreteu, a morte foi embora e esqueceu-se de tudo, e o fogo foi apagado.
E o pequeno viajante morreu de solidão.
Próxima parada: Algum fiorde.
Será que eu chego lá?
As falésias não me foram uma boa inspiração.
Mas farão parte de minha história.
Não tão pequeno, mas eu continuarei viajando.
Talvez apenas numa metáfora intelectual.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

- Blue Monday.

Era uma noite fria, mas o céu estava impecavelmente lindo. A Lua contrastando com o negro do céu, as estrelas brilhando incessantemente. Era uma noite perfeita, e eu resolvi usá-la como base.
Fui até a cozinha a casa estava parcialmente escura, apenas um abajur aceso na sala. Pensei em tomar um café, mas eu realmente não gosto disso, café amarga a minha vida. Fiz um chá, bem doce.
Fui até o quarto, e sentei-me perto da janela. Abri-a e deixei o vento gelado acariciar minha face. Estava tudo muito perfeito.
Tomei um gole do chá morno, peguei uma caneta e abri um caderno, iria começar a escrever. Encostei a ponta da caneta na folha vazia, e vi que havia algo errado.
Eu não queria focar no fogo, na morte e no gelo. Não hoje.
Pensei em algo como o Sol e a Lua, mas esse não era meu caso do dia. Iria tentar algo novo, algo que eu nunca havia sentido, algo que não era meu.
Terminei de beber o chá, levantei-me, vesti meu casaco e saí. Saí em busca de sentimentos, sentimentos alheios.
Nada mais interessante do que se basear no que os outros sentem, afinal, eu sei o que sinto, mas não sei o que as pessoas sentem, e isso me soou muito instigante.
Comecei a andar sem rumo, em busca de algo. O vento estava cortante, provavelmente meu rosto estava rosado e meus lábios rachados de tanto frio. Mas continuei minha caminhada.
Parei numa praça, havia um homem sentado. Estava bem vestido, apenas ali parado, observando o nada. Resolvi que ele seria minha primeira vítima.
- Olá.
~ O-oi.
-Bela noite hoje, não?
~ Belíssima, apesar de fria.
- O frio a deixa mais encantadora e misteriosa ainda.
~ Com certeza..
- Então, o que faz aqui uma hora dessas?
~ Ah.. gosto de ficar aqui de vez em quando, a vista é perfeita, é sempre calmo e me ajuda a colocar a cabeça no lugar. E você, o que faz aqui?
- Estava sem inspiração para escrever e vim em busca de sentimentos alheios.. Cansei de falar sobre os meus, se é que me entende.
~ Sei como é..
- Me diz uma palavra, qualquer uma.. Vai me ajudar a ter inspiração.
~ Hm..Deixe-me ver..
- Não, não pense! Fale a primeira que vier à cabeça, que tiver sentimento..
~ Ahn.. Necessidade.
- Obrigado! Isso me ajudou muito.. Já posso começar a escrever. - Acendi um cigarro, traguei-o bem fundo e soltei a fumaça, observando-a se desvanecer.
~ Qual o seu nome? Gostaria de ler alguma obra sua..
- Você não precisa saber meu nome para ler algo meu, apenas lembre-se de sua própria palavra. É ela quem te dirá seu caminho, não o que eu fizer com base nela.
~ ...Mas.. Certo.
-
Larguei o homem sozinho lá de novo, ele ficou me observando por um bom tempo.
Caminhei até achar um banco vazio no meio do nada, peguei meu caderno e minha caneta preta, minha preferida. Comecei a escrever.
Necessidade.. O que farei com necessidade? Qual necessidade seria a do homem que me disse tal palavra? O que ele estaria pensando, ou sentindo?
Necessidade.. Todos sentimos necessidade de algo, todos precisamos de algo.. Mas do quê?
De um amor? De uma dor? De um alimento? De uma bebida? De uma droga?
Ok, os sentimentos alheios são mais complexos do que eu imaginava, mas deixe-me ver..
Eu pensaria na necessidade de uma pessoa, a necessidade de uma paranóia..
Uma obsessão, é uma necessidade?
Talvez eu necessite de uma necessidade alheia para alimentar minha obsessão..
E eu sempre acabo voltando a pensar no gelo,no fogo e na morte.. Mas eu decidi esquecê-los.. Ou nem todos.. Quem sabe? Eu sei, mas não contarei agora.
E você, do que necessita?
Isso é muito vago.. Vou continuar minha caminhada, quem sabe mais palavras, mais pessoas, mais inspiração.. Mais sentimentos.. Puros, imundos, ilustres ou intragáveis, aptos, intactos, perfeitos, malfeitos.. Apenas sentimentos, sentimentos que eu não sinto.
Pois não são meus.

sábado, 3 de abril de 2010

- The Death Of Romance.

Após minha conversa com a morte, eu notei um problema comigo mesmo - O fogo.
Eu estava perdido, era como se nada fizesse sentido, as coisas giravam ao meu redor, a vista ficava embaçada, e tudo ficava cada vez mais quente.
O fogo me queimou, e não deixou apenas cicatrizes, ele me derreteu.
Era quase como se eu o sentisse dentro de mim, queimando, ardendo, provocando. Não havia outro modo de descrever além do fato de que eu estava perdidamente apaixonado pelo fogo.
Ele brilhava, aquela chama me atentava, me puxava, me chamava, me atraia, eu não conseguia escapar.
Dai eu lembrei, mas e a morte e o gelo?
Acho que de tanto calor que o fogo emanava, o gelo acabou derretendo.
A morte deu uma fugida, mas eu sei que ela ainda está perto. Tenho certeza, aliás.
Mas e agora, o que eu faço? Não sei.
Só sei que eu quero continuar me queimando, essa sensação me agrada.
Consigo ver a lua brilhando de um jeito que nunca tinha visto, consigo ver um futuro que nunca havia sonhado, consigo ver tudo mais nítido.
E essa nitidez me apavora. E ironicamente, não me consola.
Meus sentidos estão mudando, e a cada dia que passa, estão ficando mais fracos e fortes.
Depende do ponto de vista.
Mas eu continuarei vivendo a minha vida do jeito que eu quero, sem todas essas formalidades necessárias, odeio burocracia.
Não importa o que diga, não importa o que faça, não importa quem eu ame, eu nunca mudarei.
Por mais que eu sinta e anuncie a mudança, eu continuarei sempre o mesmo, talvez apenas com algumas idéias, histórias e vida a mais.
Desisti dos romances de livros, é quase como uma droga.
E eu estou viciado em tudo aquilo que posso ter, todo aquele poder que a guerra e a manipulação poderiam me dar.
Do jeito mais puro possível.
Muito longe de um jogo, apenas verdadeiro, suave, quase sutil.. Quem sabe.

domingo, 28 de março de 2010

- Love Is Dead.

- Senhora Morte, preciso falar contigo.
- Diga.
- Pergunto-me por que ainda estás aqui ao meu lado.
- Ora, porque eu preciso.
- Mas tu és tão experiente, já vistes de tudo que há nesse mundo, já vira guerras, já passara por derrotas, vitórias, idas e vindas, velhos e novos mundos, já levaste milhares de pessoas, tem tanto o que fazer, mas nunca sai do meu lado, o que eu tenho demais?
- Ora, estou aqui porque te amo. Te amo como vítima, te amo como parceiro, te amo por conveniência. Não é sempre que acho um desses por aí, e essa imortalidade que possuo não muda muito o que eu posso ou não sentir.
- Então a morte não é tão morta quanto parece.
- A morte pode ser muito mais do que apenas morrer.
- Preciso lhe contar algo, senhora morte.
- Diga, meu pequeno mortal.
- O fogo me queimou e o gelo derreteu.
- Como assim?
- O fogo não é apenas quente, ele pode ser muito mais.
- Hn, e o que mais ele pode ser? E o gelo, por que ele derreteu?
- O fogo consegue ser perfeito, mesmo em seus defeitos. Mesmo matando, destruindo, queimando, machucando; ele salva, ama e esquenta. Ele é puro, além as impurezas que comete, por dentro, ele é infinitamente puro.
E eu desisti do gelo, por mais que seja água, e água seja vida, ele é frio demais para me salvar, e distante demais para eu me aproximar. Por mais que estejamos perto, nossas moléculas não se aproximam, indiferente demais, ele não pode me salvar.
- E como você conseguiu ver tudo isso no fogo?
- Deixando-o me queimar, do mesmo jeito que deixei você me matar e o gelo me congelar por algum tempo.
Você sabe que, o gelo me congelou, mas o fogo me salvou, sem me queimar. Mas após ter você perto, acabei deixando o fogo me queimar, para tentar enxergar o que eu nunca consegui. Tudo está mudando, Morte, tudo está mudando.
- Você é estranho, e isso me atrai.
- Por isso que eu odeio você. Ou não.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

- Toys.

Às vezes você se desespera, esperando encontrar algo que não existe, ou diferente demais.
Eu não pensaria diferente, pois, por ora, é impossível.
Porém outro dia eu reparei essa diferença, e acordei pensando na morte.
Talvez a mesma não fosse tão divina quanto nós esperamos, mas mesmo assim, ela mata.
E são coisas inconcebíveis, imperceptíveis, e quem sabe, inconscientes.
Minha consciência superou a existência de uma mentalidade mais forte.
Eu observei o fundo dos olhos da morte, e incrivelmente, não tive medo. Eu amei, amei a sensação de poder estar ali, decifrando-a, de um jeito que talvez poucos tenham tido a capacidade de ver.
E era fascinante essa sensação de ser o primeiro, o único. Mesmo sabendo que não era o primeiro, muito menos o único. Mas eu preferia pensar assim, e continuar sentindo a vitória.
Porém, a morte é efêmera. Sabemos que não podemos ficar muito tempo mortos, muito menos ao seu lado. Mas apenas a sensação de estar ali, já consegue ser perfeita.
Em tempos antigos, eu o faria do jeito mais romântico, ou filosófico possível, mas quando se volta da morte, as coisas ficam diferentes, e você acaba mudando.
E eu mudei, muito.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

- Flowers And Silence.

Talvez o problema fosse o otimismo da palavra.
Talvez o problema fosse tudo aquilo que não foi sentido, sendo cuspido em sua face.
Talvez, talvez.. Não se sabe.
As vidas só sucumbirão, se tiver sangue para ser derramado. Sem sangue, sem vida.
Não é exatamente a dor que me mostra, seus anseios não me interessam, mas tem algo.. Tem algo além disso.
Eu não saberia explicar, e diria com toda convicção de que ninguém mais conseguiria.
Eu sei que dizer isso, pode não ser o suficiente. Aliás, nada seria o suficiente, pois para cada palavra, existe uma interpretação, e para cada interpretação, existe uma emoção, e reação.
De tantas coisas que houveram, de tudo o que possuo, por que sempre os desprezo?
Talvez eu não queira realmente ser completo, pois a cada batida que meu coração esquece de fazer, um pedaço de mim é levado.
É diferente, não gostaria de olhar em seus olhos e ver o que realmente há lá dentro. O medo sempre consegue ser maior.
Por que só nós conseguimos nos reerguer?
Por que só nós conseguimos fugir?
Quem disse que eu consegui fugir?
Não foram as lágrimas presas ao meu próprio túmulo, selado por mim mesmo, que me fez parar de sentir. Foi a ausência das suas ao me ver partir.
Pois quando você parte pela primeira vez, não quer lágrimas. Quando parte pela segunda, você quer apenas uma inexpressão, porém, quando parte para sempre, você quer sentir as lágrimas caírem sobre si.
Nem tentador, talvez.. Por sentir a sua hora, e não a minha.
Eu não serei tudo aquilo que não sou, apenas para minha própria felicidade.
Você nunca sabe se ficará fora por tempo demais, ou por tempo de menos.
Existem questões que não podem ser pegas em uma mão, e respostas que não podem ser ditas sem tanto conflito.
Talvez a falta de talento do outro, se complete com a sua. Ou o descontentamento alheio, se faça ausente, quando se está presente. Ou a união de talentos, forme algo descomunal.
Existem três coisas distintas, porém, conectadas.
Ao lembrar-me do fogo, do gelo, e da morte, eu penso: Talvez meu fogo tenha mudado, meu gelo esteja frio demais, e a morte, perto demais.
Mesmo assim, eles ainda vivem, e coexistem.
Agora uma coisa eu tenho certeza: O fogo me ama como loucura, o gelo me ama quieto, e a morte, bem.. Essa daí nunca me amou, mas é conveniente.
O que mais me atrai é o fogo, certamente.
O gelo.. Bem eu o amo, porém, me dá a sensação de solidão a cada vez que lhe toco.
E a morte.. Bem, vou amá-la de um jeito desesperado, até não poder mais.
E enquanto eu possuir essa espada de dois gumes em minhas mãos, eu continuarei a sofrer.