quarta-feira, 29 de outubro de 2014

- Monocromia.

Eu perdi minha carruagem enferrujada
Como se eu fosse um idoso, 
perdido em um mundo novo
A sensação real de um sonho
Minhas lentes estão sujas
E não há como limpá-las
Ou a cidade está ficando embaçada?
As flores que possuo em minhas mãos
São apenas decorativas?
Ouço o canto das cigarras rasgando o silêncio
Estaria eu,
Vivendo
um louco devaneio de verão?
Em dúvida se o lugar que vivo
É uma cidade de ferro
ou de vidro
Deito-me neste chão
Observando a monocromia
Mas eu tenho algumas tintas
E posso pintá-lo
- colorir o mundo -
No cinza escuro de minha mente
Com apenas uma tinta
Até o universo acabar
Com meus braços estendidos
Eu pintarei seu retrato.

- Distance.

Sinto vontade de acelerar até o fim do mundo
Distante
Até onde eu mesmo posso me levar?
De alguma maneira, eu me perdi neste dia ensolarado
Mas era noite.
Estou à procura de evidências
Por que meus pensamentos permanecem bloqueados?
Suavemente, como um vagalume na escuridão
Eu a vejo brilhar
Distante
Talvez eu seja mais esperto que isso
Mas já deixei muito para trás
E a tristeza se desfaz toda vez que caminhamos.
O vento está forte hoje
A noite estrelada
Está quente.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

- Bloom.

Qual seria o remédio para o amor?
Os efeitos colaterais não irão embora
E eu penso, o mais distante possível
Eu poderia lhe dizer meu pedido
Mas
Eu abri as asas de meu coração
Apenas para alcançar você
Ilusão
Tudo que aprendi
Eu apenas sorri
E não tenho nada lógico em minha mente
Escuridão
Seria esse o meu sonho?
Como meu último argumento
Tenho a dizer
Algumas coisas,
Nunca lhe enviarei
Em meu sonho
Algumas coisas,
Nunca alcançarei
Amanhã o dia estará mais claro
E talvez eu entenda o que estou fazendo aqui
Uma flor sem nome
Todos buscamos frequentemente
As memórias de nossos futuros
Meu coração transparente
É como uma roda gigante
Segurando e soltando
Jogando, sem pensar
Esta vazão uma hora irá se extinguir
Então por favor,
Tenha certeza de continuar pintando o mundo com suas cores
E amanhã
Isso será algo belo.
Me faça esboçar um sorriso.
Como as flores que desabrocham
Mesmo quando ninguém está ali para vê-las.

- 01:16.

Para onde vão todas as poesias escritas?
Não há ninguém lá fora
O frio cortante me entrega
Alguns sentimentos
Gostaria que eles fossem apagados
Como memórias em dispositivos
01:16, eu desejei que minha ansiedade desaparecesse
E mesmo que eu fechasse meus olhos
O "hoje" já se foi
Eu sinto sono
E uma dor que não se dissipará
Então eu chamei por alguém
- alguém que nunca viria -
A luz brilha para todos
Mas meus sentimentos estão se desfazendo
E a mágica se foi
Estamos andando sozinhos, lado a lado
Eu estou delirando?
Onde estaria
A sincronia?
Quanto tempo dura a eternidade?
Eu não sei quanto tempo ficarei aqui
Até que minha luz se desfaça
E esse calor é um pouco problemático.
Eu cuspi significados
Para algo que não existia
Solitário
Eu saí, sem uma mão para me apoiar
Não sei se eu gostaria de chorar
Ou se ainda é muito cedo
Eu tentei orar
Mas não há ninguém lá em cima.
O cérebro está sozinho.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

- Nós.

Uma noite sem luar
Poderia lhes contar sobre uma princesa
E um samurai.
Uma vida presa
Sem amor sincero
Uma vida de guerra
Sem paz verdadeira
Mas contos não são realidade
E eu sou apenas um singelo observador
Cada ínfimo detalhe
Em sua sintonia perfeita
Um espírito que dança
Perdido!
Ah, alegria, tristeza
Tudo em cima de meu colo.
Gostaria de fluir através do tempo
Como as nuvens, o vento
Minhas memórias estão fervendo
Hoje, eu não tenho promessa alguma
Entre divisões e loucuras
Entre viver e se desprender
Voar ou correr?
Se eu não puder nem mesmo viver
Eu despedaçarei meu destino
Qual o sentido de se estar vivo
Sem nem ao menos poder sentir?
Seria ilusão
Se deixar perder a razão?
Entre tantos nós, que a vida é feita
Poderia, nós
Desatar
Os nós?
Ou transformar nós
Em laços.
Laços de nós.
Nosso enlaço.

- Reason.

Passei um café
Preto, amargo
Como os dias atualmente
Por que quem faz o nosso mundo somos nós?
Não sou um criador de mundos
Sou apenas um boêmio
Que gostaria de viver em todos.
Dia após dia
Eu inspiro
Expiro
Poesias desconexas
Aquele canto, onde somente os raios de sol me alcançam
Eu espero
A razão
Me permitir.

- Day.

Somente por uma noite
Gostaria de esquecer
O real sentido
De padecer
Solicitar
A cada dia
Resgatar
Me perder
E então lhe perder
Pela vida, eu suplico
Te imploro
Me encontre.
Antes que eu me perca.

domingo, 19 de outubro de 2014

- Blues.

Ouvi um blues
Sentado, observando o mato
Inapto
Como todo ser sem ter o que fazer
Ao fundo, ouvi um "sayonara"
Intocado e enjoado
Apenas não entendi o que quis dizer
Três notas soavam
Uma de fuga
Uma de meditação
Uma de apelo
Me senti como um cão que late para o nada
Apenas pelo prazer de latir.
Caminhando
Passo a passo
Apenas para omitir
Aquele desejo de ouvir
Uma serenata
De mim para mim mesmo
Com três rimas
Uma dissonante
Uma provocante
E uma nota de segredo
Na sutileza deste ensejo
Adicionarei um quarto acorde
Para despertar, quem sabe
Ou finalizar
Uma música de aporte.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

- Stop.

A chuva caía
E eu me senti feliz.
Finalmente havia encontrado um motivo.
Meu corpo me levava para um lado, roboticamente
Mas eu fui para o oposto.
E pela primeira vez, vi o outro lado da fonte.
É doloroso andar ereto nestas ruas esburacadas
Mas é gratificante não se curvar aos desejos deste mundo.
Esse mundo
O mundo que eu vi
Está dentro de minha mente.
Hoje, ouvi alguns conselhos
E eles me diziam para parar
Mas a maior conselheira
- minha mente -
Nunca conseguiria me culpar.
Algumas coisas estão fora de nossa capacidade mental.
Algumas coisas estão longe de nossas mãos.
Crueldade.
Eu senti.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

- Human.

Onde estás tu?
Que não ao meu lado
Ó, coração meu
Onde estás tu?
Criativamente encubado
Subliminarmente inacabado
Deixe eu me perder entre teus defeitos
E exasperar as qualidades
De se estar vivo!
Vívido, o desapego à vida
Dentre a correria do cotidiano
Dar-me-ei o deslumbre do bálsamo noturno
Dar-te-ei o meu calor
Degenerado e marginalizado
Como os dias conceituais
À espera de um crepúsculo morno
E a resolução deste enigma
Voltas e voltas
Atrás de um único sentido
Se for preciso, repetirei 108 vezes
O mesmo tipo de pensamento
Desencadeando eventos
Talvez meus olhos estejam comprometendo o equilíbrio
E em alguma parte de minha mente
O amanhã foi-se embora
Pura intenção justaposta
Uma poesia brota do jardim
E nós encontramos a beleza na dissonância
Pensar demais, analisar demais separa o corpo da mente
Mantenha suas intuições
Eu continuarei alimentando
Mais vinte e sete vezes
Cinquenta e quatro desejos
Com meus pés no chão eu me perco
Fora destas linhas de razão
Eu me senti inspirado
Me esforcei para compreender
A divindade de ser
Humano.

sábado, 11 de outubro de 2014

- Deixe.

Tua beleza iluminais
O júbilo de padecer
Vem apoderar-te de mim
Deixe teu amor maturar em minha boca
Deixe teu sabor saturar em meu ser
Resgatar cada passo
Convergir-te para meu rumo
Traga o dia contigo
Converta-o para a noite
Iluminada pelos teus olhos
Descalça sobre as pedras
Alardear a correria
Do dia a dia
E lerdar de noite a noite
Deixe-me deitar em teu seio
Para definhar dentro deste doce perfume
O grito de um pássaro
Sobre as árvores iluminadas
Baila sobre teu véu
Sedutor como fel
Tua presença me vira ao avesso
Como um felino travesso
Vou deixar que desça
Enquanto eu me desapareço
E me esqueço
Daquele canto
Onde a pressa me esquece.
Tu sabes onde fica.

- Art.

Gostaria de transformá-la em uma arte
Para poder contemplá-la à luz do sol
E apreciar cada momento
O céu azul pode ter qualquer cor
Que eu irei clamar
Sempre pelo mesmo tipo de amor
Que elucida o sentimento
Transitório
Como um vírus que assola vidas
Poderia fazer uma ressalva
Em um atestado
"Beba água e espere alguns dias"
Um sorriso não é gripe
Inibido como seu orador
Psicótico, a ver navios
Como em um mar dentro da cidade
Gostaria de ter autonomia
De meus próprios pensamentos
Para elucidar
Esta vontade de cantar
Abaixo das flores 
Que pairam no mar
Se afogando no ar!
Está tudo bagunçado.

- Habit.

Alguns atos não possuem razão
As pessoas nunca se percebem
Gostaria de refazer os dias
Sem paixões, sem prisões
O futuro chegará para todos
Sem um traço de dúvida
Não possuo a solução perfeita, mas tenho algumas teorias
Nesse mundo esquizofrênico
Onde cada dia um homem diferente abre a mesma porta
Quanto mais busca-se o sentido, mais ele se esvai.
Opiniões diferentes, percepções divergentes
Ninguém se importa
Em olhar ao seu redor e perceber internamente
Fragilidades
Talvez ninguém se renda
E continuemos nesta guerra velada
Como idiotas vivenciando sentimentos inexistentes
Dia a dia provando da mesma pílula
Seus próprios inimigos internos
Apenas gostaria de pegar essa estranha estrada
Sem rumo, novamente.
Onde foi que eu perdi minha mente?

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

- Incomplete.

Senti meu rosto queimar
Talvez eu pudesse entender
Tentaram controlar minha mente hoje
os sons que ouvi
Uma voz dizia
"Controle seus mestres internos"
Preso, impossibilitado.
Aquela gaiola de vidro
Se eu pudesse discernir entre minha ambição e minha vontade
Humanos e seus vícios
Transgredindo seus vínculos
Eu poderia ter uma razão
Mas estou em um lugar estranho
E de algum modo, eu sei
Muito mais do que deveria saber
Aqui, onde nenhuma alma vaga
Eu disse que não iria jogar esta noite
Mas eu não preciso correr
Então anteciparei
Minha mente é confusa
Eu não sei onde estarei amanhã
Não tenho em mãos coisas mundanas
E dificilmente me importo
Eles cantam suas canções fora do ritmo
Enquanto eu espero
O ritmo ideal para esta música.

sábado, 4 de outubro de 2014

- Rumors.

Afogue minhas palavras em silêncio
Continuo a viver platonicamente
Às vezes eu queria lhes mostrar como eu gostaria de viver minha vida
Entretando não há nada em meu nome
Esta noite, sonhei que salvava você.
Mas o predador, era eu mesmo.
"Hey, quem é você?"
Ouvi o espelho me perguntar.
E não soube responder.
O vidro está embaçado, mas lá fora há sol.
Eu sorrio todos os dias
Tentando viver neste paradigma
Entre amar todos os seres
Violentamente
Ou me odiar
Por todas as formas de amar que existem dentro de mim.
Eu deixei a porta aberta
Para qualquer tragédia que queira, possa entrar.
Na frente de sua porta,
Deixarei uma fábula escrita
Para que você possa se lembrar de mim.
Em silêncio.

- Train.

Deitei em uma noite fria
Observando o céu, ouvi algumas palavras ecoarem ao vento.
Algumas maldições nascem com a gente.
Eu gostaria de declarar algo, mas as estrelas são surdas.
De onde eu vim, não há ninguém
Sons mudos abafam os gritos do vento
Eu gostaria de tirar a sua loucura e derramá-la sobre mim
Para que pudesse te levar para algum lugar distante, entre os mares
Atrás das árvores, sinto os lobos me vigiando
Como se eu fosse um fantasma, ignorado
Mentiroso.
É sempre a mesma trapaça
Sempre em busca da entrada
Daqueles portões dourados que eu vi no passado
Como se o fogo lutasse contra suas próprias chamas
Minha mente está congelada.
Seria muito reconfortante estar em casa.
Mas estou aqui, contorcendo palavras, para trazer alguma esperança para mim
Pois não posso ouvir as batidas do meu coração
Nem mesmo nessa escuridão completamente silenciosa.
Eu não posso transmitir meus pensamentos
Por que sou tão fascinado por este trilho contínuo?

- Connected.

Eu finjo que entendo
Enquanto as pessoas fingem que falam verdades
Algumas primaveras, sempre serão iguais.
De uma maneira estranha, as flores não floresceram hoje.
As luzes estão apagadas
E eu não sei o que há por vir.
Mas eu sinto ao meu redor
Estamos todos conectados.
Estamos todos condenados.