domingo, 30 de novembro de 2014

- Want.

Eu quero um amor simples
Não apenas para o verão
Quero alguém que não se importe
Se vai sentar no chão
Ou no melhor colchão
Quero alguém que se suje
Alguém para ficar ao meu lado
Sem se importar se é pão
Ou um vinho bom
Alguém que fique em qualquer lugar
Até mesmo na solidão
Porque os dias não são feitos
Para ser perfeitos
Mas o tempo que passo ao seu lado
Há de ser sem jeito
Pois não faço questão de um amor perfeito
E sim de um bom queijo.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

- Chase.

Os dias de verão que nunca têm fim
Aquele calor congelante
E o frio que queima todos ao nosso redor
O que eles diriam
Se meus olhos pudessem falar?
Mas eles são mudos
Eu costumava correr da chuva
Mas agora prefiro me molhar
Lembro-me como se fosse ontem.
Eu prefiro ser honesto
Mas
Você não precisa dizer isso em voz alta
Estamos todos em um coma profundo
Observei as ondas irem
E lembrei-me de uma canção
Talvez eu esteja sozinho ao mar
Ou apenas sonhando
Com você.
Sem forma
Nunca iremos assistir aos sonhos que não podemos alcançar
Pois
Alcançarei o mundo, me lançarei ao mundo.
Com você.
Rompendo as sombras e transbordando ansiedade
Talvez essas sejam as cores
De um futuro embaçado.

domingo, 16 de novembro de 2014

- Celeiro.

Não sou de fazer poesia gourmet
Faço poesia para qualquer um entender
Faço poesia de celeiro
E não faço nada por dinheiro
Num ando com isqueiro para fogo não causar
Mas ando com uma força que nada pode apagar
Não sou determinado para mudar o mundo
Mas com um pouco de concentração
Faço de pouco um tudo
Não tenho paciência p'ressas dores apressadas
Nem louvores descarados
Quero aproveitar cada minuto
Sem perder um segundo
Me deixe aqui com meus insetos
Que eu fico quieto
Sempre indiscreto
Indo direto ao ponto
Em mim nada é secreto
E para você, faço de tudo um conto
Que seja agradável de ler
Procê ver
É melhor se cuidar
Que eu sei que você não sabe nadar
Nessa vida de enchente
Que enche a gente
Com esse povo metido a inteligente
Tudo impaciente
Faço um arroz e feijão
E vou viajar de balão
Que é melhor que ficar no meio desse povão.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

- Dilemas.

Aquele engate
Enlaço
Embaraço
Desengato em nós
Aquele debate disparate
Vem cá, em nós
Esfumaça, desabafa
Desacata meus sóis
Entre poemas e dilemas
Eu tenho um teorema
Que a realidade é um sistema
Que algema, envenena
Dentre esse mar de girassóis
À sós
Inebriado e embriagado
Perdido na liberdade de ser
Ser sem ter
Me encontrando e semeando
Me embaralhando
Na harmonia desse perfume
Presume e me assume
Seja o que for
Eu vou.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

- Oeste.

Me enlouqueça
Conjugue o meu verbo
Me inspire
Me respire
Escondo-me atrás de ensejos
E declaro alguns de meus desejos
Entre alguns abraços
E outros enlaços
Escondo-me destes olhos que me leem
Que me decifram
Sem omissões
Apenas paixões
Se deixe levar
Por esta jornada sem fim
Para algum lugar além do oeste
Sente-se comigo
E aproveite a vista
Não importa de onde veio
Para onde vais
Aproveite aqui
Este calor
Em meio ao frio
E me deixe aproveitar
Só um pouquinho.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

- Canvas.

Uma poesia atrofiada
Entre falta de palavras
Sem muita certeza do que digo
Poucas rimas bastam,
Para aqueles que sentem
Ignore esses macacos falantes
Que o Elíseos é logo ali
Debaixo do céu
Que apenas eu e você vemos
Dentro destas ruas inexploradas
Cada animal, vivendo dia a dia olhando para o chão
Sem determinação
Lutando contra as nuvens, contra o sol, contra a natureza
Como zumbis em frente de telas
Telas, quadros.
Pintados no topo de cada vida
Com um ou dois toques
Sem retoques
A melhor obra é aquela bagunçada
Escrita em um papel amassado
Desenhada com um pincel quebrado
Que a gente nem sabe como foi feita
Só sabe que vê
Que basta
O resultado.

sábado, 1 de novembro de 2014

- Watercolors.

Fim de tarde
Fiquei parado observando o pôr-do-sol
Neste início de noite
Um bobo de um poeta
E seus papéis
Tudo parece desaparecer ao final deste dia
A certeza, concebida
Me faz rir alto
Certamente eu vivo em extravagância
Mas isso é uma vantagem
Vejo, todos os dias
Vidas rumando aos seus rumos
Rumos seguindo suas vidas
Todos procuram por alguém
Para completar seus mundos
Mas já estive em todo o mundo
E seus mundos já chegam completos
Completos de si mesmos
Não como caixas.
Talvez eu tenha me distraído
Dançando um bolero
Olhando para cima, uma gota de chuva cai
E jogo fora meu guarda-chuva
Acho que me acostumei a sorrir.

- Referencial.

Dentre os truques
E trunfos
Dessa vida
Desengano-me dessa moda "sem coração"
Distante desta geração
Em outro tempo e outro lugar
Poderia estar correndo entre as estrelas
Mas neste lugar
Sem uma referência
Até os primeiros raios de sol aparecerem
Tudo que preciso
É de um sorriso.
Meu referencial de esquecimento
Do resto do mundo.
O agora.
A melhor referência.
Apesar do embaraço
Sempre há o ensaio de um abraço
E um pequeno cortejo
Que eu finalizo com um beijo
Em mãos quentes.