terça-feira, 14 de setembro de 2010

- Undecided Memories.

Eu estava perto da praia, continuava minha viagem, sozinho, como sempre.
O sol estava por desaparecer, era como se estivessem cegando-me.
Me aproximei da água, deixei as ondas quebrarem-se em meus pés.
Uma poesia veio à minha mente.
Não era uma pausa, e não havia ninguém. Para onde haviam ido os sentimentos alheios?
Talvez não me importasse.
A brisa fresca que soprava do oceano em minha face, era como se eu estivesse nos céus, sentindo carícias angelicais sobre mim.
Creio que adormeci, ou fiquei em estado alfa por vários minutos, sentindo o vento e as águas.
Abri meus olhos, estava tudo escuro, uma escuridão digna de um caixão. Mas não era, havia a lua, me guiando pelo céu sem estrelas.
Frases começaram a surgir. Uma melodia pesada ressoava em meus ouvidos. Um órgão, não tenho bem a certeza de que era real. Só sei que eu ouvia.
Meu coração nu continua apaixonado.. Mas ele não bate mais.
O silêncio das lágrimas, é mais alto que os gritos de um amante desesperado.
As perguntas sem respostas, jaziam sobre túmulos enterrados debaixo de águas turvas
O vento estava tão quente, as memórias estavam tão frescas, sem a veracidade dessas mentiras.
Me mostre suas cicatrizes, presságios belos e doces. As feridas em minhas mãos não suportam mais.
A vida começava a padecer, as necrosas começavam a me tomar.
Meu sangue, inocente, puro. Como nunca antes, estava filtrado.
Eu lhe mostrarei meu sangue, minhas lágrimas, se você me abrir seu coração..
As noites são muito longas para você, do que tens medo?
Eu lhe amarei, morto-vivo, impuro, sem alma.
É um futuro cego, para os que não foram abençoados.
Me perguntei, será que se vendesse minha alma ao diabo, ele me conceberia um novo coração?
Sem as rugas do destino, sem as queimaduras desse amor.
Eu gostaria de amar esse mundo, mas apenas o ódio se concentra em mim.
Eu pedi para dormir em paz, mascarando meu verdadeiro rosto.
Eu lutei para me livrar das correntes, mas só conseguia fazê-las me chicotear, mais e mais.
Eu olhei em volta, o mar havia desaparecido, as pedras, haviam desaparecido, e não havia nada além de areia, até onde meus olhos poderiam ver..
Nós estávamos loucos, nós éramos aberrações desesperadas por amor
Eu implorei água para minha sede, mas só havia areia.
Eu descobri que possuia uma missão. Eu não poderia chegar aos céus, nem que os anjos me carregassem em seus braços.
A luxúria não iria curar nenhuma ferida, ninguém poderia curá-lo, a não ser ele mesmo.
Valeria realmente a pena deixar o anjo abrir as asas, quando tudo que eu tinha a oferecer era um mundo sem valor?
Realmente importa quem eu sou agora?
Eu olhei para os lados, olhei para cima, e rezei. Eu joguei a prece mais sincera que minha alma poderia querer.
Eu apenas queria que a chuva caísse, e levasse todos meus sentimentos embora..
Eu apenas queria que a chuva caísse e apagasse meu passado.
Porque você não sabe, o quão doloroso é ter sua alma corrompida, o quão doloroso é ter sua missão interrompida, o quão doloroso é perder boa parte de sua vida.
Meu coração nu e rasgado, clama por perdão.
Minha alma crua e pura, clama por esperança.
Porque anjos e demônios não podem se amar.
Porque eu não posso mais nadar nessa água fervente.
Mesmo que meu coração ainda grite desesperadamente para o mesmo destino anterior.
Porque era tudo que eu queria.
Sem medos, sem frio.
Um mundo com cores intensas.

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