Havia um homem, um sobretudo negro e um chapéu combinando.
Ele virou-se para mim e disse:
"É uma grande ironia, nesse dia lindo com um sol brilhando forte. Bom dia."
E desapareceu.
Eu pensei no que ele disse.
Realmente, os dias claros e belos, são sempre uma ironia muito grande.
Quando foi meu último dia de sol feliz? Não faço idéia.
Talvez até faça, mas agora não importa.
E minha noite, mais perfeita, bela, feliz?
Essa eu lembro, com certeza absoluta.
Estava frio. Temperatura abaixo de zero. Mas eu não sentia frio algum.
Na verdade, sentia calor. Muito calor.
O fogo estava me queimando loucamente. Intenso, propenso.
Posso lhe contar uma coisa?
Seu reflexo no espelho, é apenas obra de sua imaginação.
Era tarde, eu via seu reflexo embaçado no espelho, ela gritava.
Não tinha outros sentidos, coloquei minha mão suavemente em seu rosto.
Acariciei, passei para sua boca.
Eu parei sua respiração com minha própria mão.
Adeus.
Eu ouvi passos em minha direção, eu acordei.
O inverno começava a dar seus primeiros passos.
As folhas secas aumentavam a nostalgia daquele clima. O vento frio.
Enquanto eu não estivesse acordado desse sonho, eu não poderia dormir em seus braços, deixando-o vigiar meus sonhos mais profundos.
Era um pecado sem igual.
Eu apertei sua mão com força, desejando inconscientemente que nossas mãos nunca se soltassem.
Sua voz sumia aos poucos, minha visão distorcia.
Eu tentei sorrir, dei um beijo em seu rosto.
Ela desapareceu.
Um castelo.
Sangue para todos os lados.
Era o sangue da eternidade.
Derramado, desperdiçado, acabado.
Outra poesia veio em minha mente. Mas a tristeza me abalou.
Olhei para fora, uma chuva intensa.
Romanticamente visto, era um coração.
Um coração imundo.
Um coração inundado de pecado.
Um coração feito de lágrimas.
O maior pecado?
Ter sido carregado pelas mãos calejadas de uma criança sem vida, para o colo de outro amante.
Uma voz profunda e grave falou com um eco.
Beba, minha criança.
Era o beijo da morte, frio e sem amor, como sempre fora.
A dança da tristeza e do amor.
A fé era uma faca de dois gumes.
Preenchia o vazio de meu coração, enquanto o esvaziava mais ainda.
Dance meu amor, dance.
Não há mais nada aqui para ser degustado.
O gosto do pecado continuava em minha boca, a textura de seus lábios, estava gravada nos meus.
A lembrança de uma vida estava encrustada em meu coração.
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