O que você vê quando olha para o espelho? Você mesmo, ou quem você quer ser?
Quase ninguém enxerga quem realmente é.
Ninguém compreende seu verdadeiro papel.
Quase ninguém é útil, quase ninguém se reconhece.
Meu corpo dói, e eu aceito isso. Esse é meu castigo, por não saber medir minhas ações.
Nossa vida é um reflexo, às vezes somos reflexo do resto do mundo, e nem nos damos conta disso.
Ora, não é como se cada ação tivesse uma reação. É como se nós não agíssemos.
Eu me olhei no espelho, vi as feridas em meu corpo, senti dor. Pensei em deitar e descansar. Então percebi que não era isso.
Estava sofrendo as consequências, cada marca que possuo, é a retribuição de cada ação imprudente que cometi. Poucas são realmente cicatrizes de batalha, mas, eu sou contra batalhas. E então?
Eu vi quem eu realmente era. Alguém que reclamava, não agia. Minha vida, era realmente isso que eu queria dela?
Olhei para fora. Não, definitivamente não.
Não era nesse mundo que eu gostaria de viver.
Mas nós não temos outro mundo, nosso mundo está em nossa cabeça. O reflexo.
Será que eu também era um reflexo daquele mundo que eu tanto odiava?
Eu queria fazer algo. Não. Eu precisava fazer algo.
Eu precisava fazer algo por aqueles que não viam onde viviam, que não sabiam quem eram, que cometiam as desgraças. Era minha missão.
Então olhei em minha volta. Eu precisava começar por baixo.
A vida é como uma escada, temos que subir degrau por degrau.
Se subir mais de um de uma vez, você vai cair.
Pode ter algum degrau molhado, e você vai escorregar.
Mas pra isso existe o corrimão, você se segura nele para não cair.
E continua a subir.
Eu aceitei o estado deplorável que meu corpo se encontrava.
Mas ao invés de ir deitar, eu me levantei e fui procurar a escada.
Mesmo mal conseguindo me mover, puxei minhas pernas com muita dor, me esforcei e saí.
Talvez aquilo não fosse tão ruim.
Começando por baixo.
sábado, 23 de abril de 2011
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